quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Gritos Mudos


Desespero por não te ver, desespero por não te tocar, desespero por não te sentir perto de mim, por não te beijar, abraçar…

Mas o maior desespero de todos, que me torna frágil perante tudo o resto deve-se ao facto de te amar, de não te esquecer, enquanto isto persiste em mim, vai ser sempre a perder.

Derrota atrás de derrota, ao ouvir o tiquetaque do relógio, recordo com ternura cada momento em que te pude tocar, sentir esse teu sedoso carinho em mim, poder trocar um daqueles olhares que só nós sabíamos interpretar, aqueles inquietantes momentos em que nada conseguíamos esconder um do outro, aqueles momentos em que agíamos como um só.

Acima de tudo fazes parte de mim, não consigo exorcizar-me da tua alma, ela persiste no meu coração, bem sei que sou eu quem não a quer deixar partir, talvez por medo, por cobardia… Gritos mudos de desespero suplicam para que não partas, para que não desistas de tudo assim tão facilmente.

O que parece não entrar no ínfimo do meu ser é que na verdade já desististe, já partiste, já nada resta senão tristeza ao olhar para trás.. E desespero ao tentar olhar em frente..

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Renascer


Renascimento de um alguém que desconheço. A revolta que tanto de mim consumiu, que tanto de mim levou, reaparece de forma repentina e nefasta. Revolta contra mim mesmo por não conseguir ser tudo o que deveria, por não corresponder às expectativas de quem me atribui acima de tudo a sua confiança, revolta contra a imensa fraqueza que persiste no fundo do meu ser e que não desaparece tornando dia após dia um pouco menor a mísera vontade de viver.

A verdade é que raramente somos quem demonstramos ser, mas a minha leve e insignificante falta de carácter supera cada vez mais esta afirmação, mais do que nunca escrever torna-se uma fuga a uma realidade que conspurca e destrói os objectivos a que me propus. Gélida e efémera solidão. Lânguido amanhecer. Tristeza
arrebatadora. A vida assim não é vida, até a morte se revela mais compensadora do que esta frustrante tentativa de seguir em frente.

Fazes-me falta, mesmo que nunca o venhas a perceber sinto me só quando não estás. Não me oponho a decisões que não sejam tomadas por mim, e mesmo essa fosse a minha vontade, nunca teria esse direito, limito me a aceitar, a respeitar e inevitavelmente a sofrer, mais que nunca, mais que ninguém...

É triste a forma como um ser se rebaixa perante o seu semelhante, mas mais triste que essa atitude passional, pode ser a forma de desumana de agir perante tal acto. Para trás fica tanta coisa, reduzida a tão pouco, tantos momentos felizes trocados por lágrimas, tantas decisões, tantos acontecimentos que ao desenrolarem-se tornam momentos como este mais e mais insuperáveis...